A síndrome da hipocrisia hormonal

A síndrome da hipocrisia hormonal

Reposição Hormonal

Os modismos na Medicina costumam ser cíclicos. Algo que é a nova onda do momento, fica por um tempo no auge, dá aquela esfriada, é momentaneamente esquecido para, depois de um tempo, ser “redescoberto” e retomar o ciclo.

As discussões e confusões seguem esse padrão.

A nova febre é, mais uma vez, condenar e perseguir implacavelmente o uso de hormônios esteróides e outros recursos ergogênicos para fins de performance e estética.

Não vou repetir meu posicionamento sobre o tema, qualquer pessoa com 2 neurônios consegue ligar os pontos e saber o que penso.

Mas vendo tanta gente condenando, criminalizando e pedindo a cabeça dos médicos prescritores, me faz relembrar alguns pontos que esse pessoal deveria repensar.

Primeiro, toda e qualquer intervenção médica gera riscos. E os riscos existem para tomar um paracetamol por uma dor de cabeça da mesma forma que existem para quem vai fazer uma cirurgia de tumor na mesma cabeça – indicada porque claramente os riscos são compensados pelos benefícios.

E existe uma infinidade de condutas e procedimentos onde essa balança não pende tanto para um lado só, mas que são socialmente aceitos e não ferem a moral médica.

Se um leigo for pesquisar sobre os riscos, a agressividade e a brutalidade de um procedimento de lipoaspiração, vai se assustar. Número elevado de complicações, risco grande buscando, “apenas”, um benefício estético.

Poderia listar diversas outras condutas que beiram um pouco a hipocrisia quando o tema é risco/benefício, mas para só citar mais um, vamos lembrar do que anda em voga e você consegue fazer em qualquer lugar (muitas vezes nem precisa de um médico): a harmonização facial. Procedimento que, apesar de aparentemente simples, pode gerar algumas sequelas e lesões graves, colocando em risco a vida do paciente por, mais uma vez, “apenas” estética.

Com tanta gente fazendo uso de medicações e hormônios por conta, não vejo muito motivo para condenar um médico que vai acolher um paciente e ajudá-lo a chegar em seus objetivos com o menor risco possível. Objetivos, muitas vezes, “apenas” estéticos.

Fica a dúvida do real motivo dessa caça às bruxas: ignorância? Preconceito? Reserva de mercado?

Jamais saberemos.

Dr Rodrigo Santos Martinez